Uma relação trabalhista é equilibrada quando o valor do serviço prestado é correspondente à remuneração recebida. Desta forma, a relação é percebida como justa.
Em algumas relações de trabalho, porém, existe uma confusão com outras relações.
Por exemplo, no caso de uma empregada doméstica que começa a trabalhar muito jovem com uma família.
Às vezes os patrões se colocam como pais da pessoa, excluindo seus pais biológicos, tratando-a como uma filha.
Neste caso, já não é mais só uma relação de trabalho. Gera-se um vínculo diferente, porque não há mais o equilíbrio entre o dar e o receber, de igual para igual. Um se coloca superior ao outro.
E isso tende a gerar transtornos, porque, afinal, as pessoas esperam um reconhecimento correspondente àquilo que deram. E a outra pessoa nunca conseguirá retribuir daquela mesma forma, naquela mesma medida.
Quando os empregadores dão algo muito grande a um empregado - por exemplo, patrocinam um curso muito importante, uma pós-graduação, um curso profissionalizante - isso desequilibra a relação de um jeito que o empregado nunca conseguirá retribuir. A relação não é mais entre iguais. Isso desestabiliza a relação.
Assim, na hora do processo judicial, às vezes não se sabe como resolver o conflito. Há mágoas entre os dois lados, porque a pessoa sente que não foi reconhecida naquilo que fez.
Outro exemplo: uma babá que criou os filhos de uma família. Os pais não conseguiam estar presentes, portanto foi a babá que cuidou e educou os filhos dos empregadores. E a relação de trabalho dura 10, 20 anos.
A pessoa exerceu um papel tão importante, que não há salário que a pague.
"Ah, mas teve o contrato". Sim, teve o contrato. Sim, essa pessoa foi remunerada. Mas, mesmo assim, esses pais nunca conseguirão retribuir o que ela fez. Não é possível estimar financeiramente o valor que tem uma pessoa que dedica vinte anos de sua própria vida para criar os filhos dos outros.
Diante disso, a única forma de se equilibrar uma situação dessa é com um profundo reconhecimento, uma profunda gratidão.
Se há algum tipo de desprezo, alguma desvalorização na hora da rescisão de trabalho, essa pessoa se sentirá profundamente injustiçada, mesmo que os empregadores tenham cumprido fielmente o contrato de trabalho.
(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)
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