"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen
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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Você por mim

 Às vezes, a alma da mãe está olhando para algum destino do passado, alguma coisa pesada, que ela não suporta, e, inconscientemente, “diz” para o filho: “você faz difícil por mim”.


E o filho, também de forma inconsciente, assume aquilo pela mãe: “eu faço por você” - é um pacto secreto e inconsciente.


A mãe, conscientemente, não quer sacrificar o filho, mas a sua alma está conectada com aquela dor, que ela não suporta, e o filho se conecta com aquela dinâmica do passado.


Às vezes, a mãe já estava conectada com aquela dinâmica do passado dos próprios pais, e já tinha tomado a dinâmica para si.


É assim que, por vezes, gerações estão sujeitas a serem sacrificadas, uma após a outra, por emaranhamentos sistêmicos, por não terem a clareza dessas dinâmicas.


E, quando trazemos isso à luz, os pais se dão conta, percebem a própria responsabilidade, e podem evitar que isso aconteça.


(Texto extraído da live Quando os pais não liberam os filhos para a vida , com Sami Storch)

sábado, 28 de junho de 2025

LIBRAS no contexto educacional

Ano da Postagem: 2025

Localização: Salvador-BA 


Fonte: imagem obtida pelo Google.



A inclusão da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, requer aos alunos surdos sociabilizando no locus escolar, ou seja, a inclusão do bilinguismo ou educação bilíngue uma vez que, a Constituinte de 1988, a Constituição Federal, tem o papel responsivo e conclusivo na solidificação em relação à aplicabilidade através do processo educacional, cumprindo sob a égide na função social, goza das prerrogativas no que tange à proteção jurídica, conforme o texto constitucional pelo artigo 208, III da CF, temos: 


Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
[...]
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino. (BRASIL,1988).


É cediço lembrar, a Lei n.  9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), legislação que regulamenta os princípios e preceitos na educação brasileira, conforme a análise, o artigo 58, afirmando sobre a educação especial, deverá obter apoio e serviços especializado de acordo com as condições específicas do aluno, vejamos: 


Art. 58.  Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.            (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
§ 3º  A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei.             (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)  (BRASIL, 1996).
 

Diante dessa premissa, a Lei n. 10.436/02 – Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), sendo reconhecida como comunicação e expressão gestual, garantindo-lhes aos acessos educacional, mercado de trabalho e aos demais meios, sendo que, um marco inicial à luta do Direito das Pessoas Surdas pelo amparo legal. 

Partindo desse pressuposto, um dos marcos importantes para o âmbito jurídico e social, constituiu pelo advento da Lei n. 13.146/15, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (PcD), os dispositivos asseguram todos os direitos das pessoas com deficiência, com atendimentos prioritários, benefícios e aos variados acessos elencados para as PcD. 

Nesse ínterim, a educação especial ou inclusiva visa consolidar a proposta educacional que reconhece a garantia dos direitos para que os alunos tenham que compartilhar o mesmo espaço escolar, sem discriminação e preconceito de quaisquer naturezas, mas infelizmente, ainda há casos de exclusão, originando processos litigiosos entre as esferas administrativa, civil e penal, por falta de qualidade e profissionais preparados para lidar com a educação especial. 

À vista disso, a educação especial entende-se como gama de conhecimento e sobretudo, uma variedade oblíqua nas ações pedagógicas que decorre em todos os níveis, etapas e modalidades.

Por fim, com base nos estudos e com a previsão dos documentos jurídicos no ordenamento jurídico pátrio educacional, permite garantir conhecimentos e enfrentar diversas situações para que a sociedade tenha mobilidade e sensibilidade nos posicionamentos transversais correlação às questões de constituição das atitudes sociais, relacionadas com a inclusão. 

Escrito por Gabriela Toss Reis. 
  

A seguir, segue o vídeo apresentado por mim, atividade da disciplina LIBRAS pelo curso de Formação Pedagógica em Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília - UCB. 


Imagens: LIBRAS 

Fonte: imagem obtida pelo Google.

Fonte: imagem obtida pelo Google. 



REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2019]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm .

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

BRASIL. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cCivil_03/LEIS/2002/L10436.htm.

BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Sami Storch e o Direito Sistêmico

Ano da Postagem: 2025

Localização: Salvador-BA 

 

“O Direito Sistêmico se propõe a encontrar a  verdadeira solução”.

 Dr. Sami Storch

Dr. Sami Storch
Fonte: imagem obtida pelo Google.



Meritíssimo/ Excelentíssimo Dr. Sami Storch, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia - TJBA, na Comarca de Itabuna-BA, sendo que o Estado da Bahia foi o precursor na aplicação das técnicas terapêuticas da Constelação Familiar, pelo Judiciário, sob a égide do Direito Sistêmico, em prol de solucionar as lides processuais. 
 
Inicialmente, aplicado nos processos judiciais em casos do Direito de Família, auxiliando-os nos institutos dos Métodos Adequados de Solução de Conflitos, nos casos da Conciliação e Mediação. Lembrando, podendo ser entre as vias extrajudiciais e judiciais. 
 
À vista disso, ganhou destaque no cenário do Direito, foi apresentado a Reportagem do Programa Fantástico pela Rede Globo, exibido no dia 14/05/2017, assinalando sobre as práticas da Constelação Familiar no Direito, explicando sobre como gerenciar os conflitos, com a visão sistêmica, atendimento humanizado em prol de obter acordos.
 
Com os estudos dos juristas e estudiosos da Ciência Jurídica, a Constelação Familiar, melhor dizendo, o Direito Sistêmico vem sendo aplicados nas diversas atuações, já se aplicam em casos de Direito Penal aplicando a Justiça Restaurativa (jovens e adultos), Justiça Juvenil Restaurativa (em casos de Medida Socioeducativa entre adolescentes que praticam ato infracional), Trabalhista, lidando com os acordos processuais entre Reclamante e Reclamado (Empregador e Empregado) e aos demais, aplicando um novo olhar para os operadores do Direito e Advocacia, aplicando a humanização e a empatia .
 
Vale lembrar, que o Direito Sistêmico cuja titulação de bacharelado em Direito, bem como, alguns profissionais possam atuar, desde que, contribua com o sistema jurídico.
 
O Direito Sistêmico tem por escopo de humanizar o Direito e no que concerne ao consenso da Justiça, evitando as demandas dos litígios, visando ao benefício entre as partes.
 
Escrito por Gabriela Toss Reis.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Conhecendo Bert Hellinger e as Leis Sistêmicas

Ano da Postagem: 2025

Localização: Salvador-BA 

 

“A Constelação Familiar e Sistêmica faz Florescer o bem-estar do indivíduo” - Gabriela Toss Reis


“Os sofrimentos familiares são como elos de uma corrente que se repetem de geração em geração, até que um tome consciência e transforme a maldição em benção.” Bert Hellinger

Bert Hellinger
Fonte: imagem obtida pelo Google



Anton Suitbert Hellinger, conhecido como Bert Hellinger, nasceu em Leimen, na Alemanha em 1925, atuou por 16 anos na África do Sul exercendo as funções de educador, psicanalista, terapeuta, intitulado como Psicoterapeuta.

Faleceu no dia 19 de setembro de 2019, deixando legado relevante para os admiradores e terapeutas, atualmente quem está dando a continuidade do ilustre trabalho é a sua esposa Sophie Hellinger.

Possui diversos livros traduzidos, com aplicação das vivências realizadas nos Workshops, mostrando-lhe a relevância do procedimento terapêutico, aplicado para assegurar os indivíduos, para tratar das questões inerentes.

Criou as 3 (três) Leis Sistêmicas ou Ordens do Amor: 1ª. Ordem ou Hierarquia:  Ordem de Chegada no membro familiar, exemplos: Os avós, os Pais, os (as) filhos (as) os (as) netos (as), ou seja, a árvore genealógica ou árvore familiar, os parentes de linha reta e os colaterais; 2ª. Pertencimento: todos os membros da família têm o direito de pertencer, não podendo ser excluído daquele âmbito familiar; 3ª.  Equilíbrio entre o dar e o receber entre as relações familiares. Essas leis citadas, têm como base nas relações humanas para suprir das adversidades internas e externas com o fulcro de promover o bem-estar dos sujeitos.

Nesse prisma, Bert Hellinger foi o precursor da Constelação Familiar, a trajetória da terapia, influenciou nos diversos setores, concebendo novos especialistas aplicando os procedimentos no campo de atuação, por isso, é considerada sistêmica, assim como, temos: no âmbito jurídico: denominado de Direito Sistêmico, complementando na Saúde, Educação conhecido como Pedagogia Sistêmica, et cetera. Ou seja, a Constelação Familiar faz com que os profissionais tenham um olhar clínico, sistêmico, empatia e humanização diante do conflito apresentado. 

Por outro lado, a Constelação Familiar foi reconhecida pelo Ministério da Saúde, perante as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), ou seja, é uma Terapia Integrativa e Complementar no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo parâmetro e referência na saúde integrada.

Tendo em vista, as Leis idealizadas por Hellinger, cujo objetivo de quaisquer violações dessas leis, podem ocasionar desordens nas gerações sucessora, devendo sempre respeitá-las. 

Escrito por Gabriela Toss Reis.  

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Compreendendo sobre a Pedagogia Sistêmica

Ano da Postagem: 2025

Localização: Salvador-BA

Fonte: imagem obtida pelo Google.

Para entender sobre a Pedagogia Sistêmica, está pautada nas práticas da Constelação Familiar, com base na abordagem terapêutica do ilustre Bert Hellinger, abrangendo para todas as áreas dos profissionais da Educação Licenciada, em especial, os Pedagogos. Suas práticas iniciaram com a alemã Marianne Franke-Gricksch no ambiente escolar, com o olhar clínico diante da humanização no cenário educacional.  

O intuito da Pedagogia Sistêmica é trabalhar com o desenvolvimento dos alunos que dificultam o processo de aprendizagem, nas relações entre família e escola, bem como ao combate dos imbróglios que ocorrem na violência, no combate ao bullying, evasão escolar, divergências entre os colegas, professores e entre outros.     

Escrito por Gabriela Toss Reis. 
 

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Na Constelação é assim, nos conflitos é assim, na vida é assim

 Na Constelação, de acordo com a maneira como trabalho, que aprendi com Bert Hellinger, devemos estar sempre abertos para o novo. Sempre há alguma coisa nova que possa surgir, afinal é um trabalho radicalmente fenomenológico.


Podemos nos programar apenas para sentir o campo, para observar o que o campo nos mostra a cada momento. De repente, talvez seja o momento de interrupção, de não fazer nada ou de fazer algo totalmente diferente do que foi feito até então.


É um mundo de possibilidades. Não é o caminho mais fácil. Essa é a postura básica para o constelador, assim como para o Direito Sistêmico.


Vale lembrar que o Direito Sistêmico adota a Constelação na sua integralidade, tanto a Constelação na prática, com representa ou da forma que para, quanto a filosofia de Bert Hellinger que veio das Constelações, toda a filosofia vinda da sua observação e das suas compreensões. É uma ciência. Não é só uma filosofia, porque tem a prática, tem procedimentos, tem técnicas, mas não se prende a nada disso.


Hellinger sempre desenvolveu uma postura essencial, que está relacionada ao não saber. Dentre as linhas filosóficas existentes, a que mais se assemelha às Constelações, provavelmente, é o taoísmo, de Lao Tsé. Bert Hellinger fez algumas referências ao taoísmo quando tratava sobre a postura dele, a postura necessária na Constelação, que tem a ver com a conexão com o todo, tem a ver com receber do todo, do campo. Dessa forma, podemos dar o próximo passo confiando, mesmo sem saber qual será o passo seguinte.


Quando não sabemos o que fazer, esperamos, então, algo surge. É interessante. Há uma frase de Rumi que contempla essa ideia: " Se faz silêncio, espere, algo surgirá. Se faz tempestade, espere, se sorrirá ."


Na Constelação, é assim; nos conflitos, é assim; na vida, é assim.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos , com o Dr. Sami Storch)


terça-feira, 22 de abril de 2025

O uso do Portunhol no Estado do Rio Grande do Sul El uso del Portuñol en el Estado de Río Grande del Sur

Ano da Postagem: 2025

Localização: Salvador-BA 



"O Portunhol  aplicado no Rio Grande do Sul, visa enriquecer sob os aspectos históricos, educacionais e socioculturais. -   Gabriela Toss Reis. 

Fonte: imagens das bandeiras pelo Google. 


O Portunhol ou El Portuñol são variedades linguísticas e a fusão entre a Língua portuguesa brasileira e a língua espanhola sob aspecto cultural, especialmente com os países vizinhos, ou seja, que fala ao mesmo tempo português e espanhol, atrelados com a Região Sul do país, especialmente, pelo Estado do Rio Grande do Sul. 

Tratando-se dos ilustres idiomas, a língua portuguesa brasileira e espanhol, ambos vieram do latim vulgar, quero dizer, o latim utilizado pelas populações com baixas econômicas, social e educacional, assim como: romeno, italiano, francês, catalão e dentre outros. 

Ressaltando o discurso, que entender a cultura em relação ao Brasil entre o idioma da língua portuguesa e espanhola, visa abordar as relações de comunicação e interações é considerada como língua literária, política e educação, por ser línguas parecidas ou “irmãs”, lembrando, que existem igualdades no significado, alterando os léxicos e pronúncias, assim como, existem palavras que pensam que tenham  o mesmo significado, mas é diferentes, exemplo: Oficina em espanhol significa escritório em português. 

Por outro lado, Portunhol ou Portuñol é uma fusão ou junção linguística considerada por estudiosos como interlíngua, é específico nas regiões Sul do Brasil. Vem sendo ganhado destaque ou magnitude na cultura, literatura devido às fronteiras, fronteiriço ou  fronterizo, com os países da Argentina e Uruguai, historicamente possui laços de amizades.  

O Portunhol apesar que sofra conceitos distorcidos por parte dos docentes, pesquisadores do idioma hispânico, tratando como um mecanismo de adquirir uma certa facilidade de comunicar com outro sem saber a língua espanhola, aplicando a metáfora “analfabeto(a) do idioma hispânico”, frisando que, o Portunhol e quaisquer outras línguas, passam por diversos fatos históricos, políticos, sociolinguísticos e dentre outros.

Sendo que, as falas e escritas da região Sul tem influências da junção da língua portuguesa e espanhola, vejamos: 

Bah! Como tu és guapo. 

 

Como se pode observar a expressão Bah é usada tanto nos gaúchos e especificamente na linguagem dos Argentinos, significa querer chamar atenção de algo bom ou não, bem como: a expressão és substituindo o verbo de ligação “é”. E, Guapo significa bonito ou belo, expressão utilizada nos países vizinhos. 

Vale lembrar, que na língua espanhola conjuga o verbo Ser na segunda pessoa, no caso Tu seria eres (Tú eres), no portunhol – tu és

Esse exemplo mencionado, aplica-se tanto na escrita e oralmente, porque a cultura Hispânica influência na cultura Sulista do país, especialmente pelo Estado do Rio Grande do Sul. Lembrando, que a cultura possui outras origens assim como; italiano, alemão, indígenas, quilombolas e aos demais, influenciando na gramática e no aspecto das vestes e cultura.  

Partindo desse pressuposto, em relação à educação brasileira quando a grade curricular possui a disciplina da Língua Espanhola, observa-se na prática no nosso cotidiano que aplica-se o portunhol, muitos professores de língua estrangeira nas salas de aula, dependendo do poder aquisitivo da instituição, mas boa parte aplica o “Portunhol”, aprendendo a língua estrangeira juntamente com a língua materna.

Obviamente, não quero dizer que estudar língua estrangeira não seja importante, pelo contrário, é importante porque potencializa o indivíduo a adquirir conhecimentos.

Por fim, a variação linguística entre a língua portuguesa e espanhola possui significados por aspectos históricos, antropológicos e socioculturais. 

Escrito por Gabriela Toss Reis.


A seguir, seguem os vídeos explicativos sobre o Portunhol ou El Portuñol para compreensões. 

 

Vídeo sobre Diferenças entre Português e Espanhol


Vídeo sobre: A composição da Língua Portunhol


REFERÊNCIA CONSULTADA

REIS, Gabriela Toss (2024, February 8). Variedades Linguísticas entre Português e Espanhol: o uso do Portunhol. Even3 Publicações. http://doi.org/10.29327/7364685

terça-feira, 15 de abril de 2025

Como empoderar as pessoas que estão em um conflito?

 Procuro trabalhar com o empoderamento das pessoas que estão no lugar de serem empoderadas. Sempre que há um conflito, falta empoderamento. Sempre que alguém se considera vítima, falta empoderamento, falta poder pessoal para a pessoa. Ela não está exercendo o seu lugar com plenitude.


Os pais, quando querem delegar uma solução, uma decisão relativa à família, relativa aos filhos, para um terceiro, seja um advogado, mediador ou juiz, estão fragilizados em seu lugar de pais, e isso é prejudicial aos filhos. Mas é assim. As famílias, em geral, não são perfeitas. Logo, qualquer um está sujeito a precisar do auxílio de terceiros, a não conseguir se entender com alguém que um dia amou.


Quando os pais não querem conversar diretamente, não querem olhar-se nos olhos, quando não há diálogo entre eles, diigo-lhes o seguinte: "Olha, para decidir a guarda dos filhos ou o regime de visitas, vocês precisam se entender, porque, se eu der uma decisão com a qual pelo menos um dos dois não esteja de acordo, vocês continuarão tendo problemas. É uma ilusão achar que eu vou resolver. Se não tiver comunicação entre vocês, vou determinar o regime de guarda e o regime de visitas, os dias que vai ficar com o pai e os dias que vai ficar com a mãe. Se um dia um atrasar, já vai dar problema, já vai ter queixa: — Ah, ele combinou e atrasou. Aí vai ter queixa do outro porque ele combinou, foi embora e devolveu o filho num horário inadequado. Quando as férias chegarem, como serão resolvidas? Vai ter briga para ver quem fica no Natal, quem fica no Ano Novo. Há tantas questões que vocês precisam resolver em relação aos filhos, por isso, a comunicação eficaz entre os pais é fundamental. É indelegável. Vocês precisam se comunicar."


Então, as partes respondem: "Ah não, mas a gente não se fala, porque não dá certo. Decide aí, doutor". Ao que respondo de maneira incisiva: "Gente, é lição de casa de vocês. Vocês precisam se comunicar."


Diante desse contexto, como convencê-los? Como se diz na Justiça Restaurativa: "devolver os conflitos aos seus donos". Os donos dos conflitos são eles, são as partes envolvidas.


Se eu quiser dar uma solução, serei um terceiro que não sei nada da realidade deles, e não estarei lá no dia a dia. Não posso estar nesse lugar. Tenho que ser um facilitador para que possam estar no lugar de quem resolve seus próprios problemas, para que não fiquem me procurando de novo e de novo.


Por isso, falo para eles: "Se eu tomar uma decisão em relação ao que vocês vão fazer com o filho de vocês, essa decisão inclui em que escola ele vai estudar, onde vai morar. São assuntos que os pais têm que decidir. Se vocês me pedirem para decidir, como os seus filhos vão olhar para vocês? Vão olhar para vocês e vão enxergar vocês pequenininhos. Não vão enxergar vocês grandes, como pais que oferecem segurança, que cuidam dos filhos. Vão enxergar vocês como pais que não conseguem cuidar dos filhos, que não conseguem resolver as coisas dos filhos." Mostro para eles que essa atitude gera insegurança, gera falta de firmeza.


A mãe terá de dizer ao filho: "Olha, filho, você vai ficar com o papai no final de semana porque o juiz falou. O papai vai pagar tanto porque o juiz falou". Enquanto o pai vai dizer para ele: "Olha filho, está bem legal aqui, a gente está se divertindo, mas agora você tem que voltar para a casa da mamãe porque o juiz falou e, se você não voltar, vai dar problema."


Mostro-lhes, enfim, que, se for assim, o juiz é o grande nessa história, enquanto os pais são pequenininhos, os pais não resolvem nada. Assim, o filho não irá julgá-los como pais, porque irá considerá-los pequenos. Além disso, irá se ressentir da falta de pais grandes. Isso terá reflexos no respeito, na consideração, na força, no desenvolvimento dos filhos.


Os filhos ficarão dependentes da Justiça. Olha o padrão que se está ensinando para os filhos… Eles entenderão que, para resolver as suas demandas pessoais, devem reclamar para outra pessoa, em vez de conversar. Os reflexos são sistêmicos.


Depois de explicar tudo isso, questiono novamente os pais: "É isso que vocês querem? Vocês querem que eu decida para que fiquem como os pequenininhos da história? Ou vocês querem crescer nessa situação, assumir o lugar de pai e mãe, vencer as dificuldades que vocês tiverem, superar isso, para conversar, se comunicar, poderem olhar para os filhos e os filhos poderem olhar para vocês como grandes. Nesse caso, poderão dizer para os filhos: — Nós decidimos que vai ser assim."


Às vezes, peço-lhes para imaginarem que olham para os filhos e dizem: Vocês vão ficar com a mamãe porque o juiz falou. Vocês vão ficar, durante o final de semana, com o papai porque o juiz falou." Em seguida, pergunto-lhes como se sentem. Pergunto-lhes, também, como os filhos se sentem. Então, peço-lhes que imaginem que estão olhando para os filhos entre eles. Depois disso, peço-lhes que se imaginem se olhando e se reconheçam como o pai e a mãe, e em seguida digam: "Nós vamos decidir. Os filhos são nossos". Em seguida, peço que olhem para os filhos e digam: "Nós vamos decidir como vai ser, fiquem tranquilos. Vocês têm um pai e uma mãe. Vocês vão ficar conosco e nós resolvemos. Não se preocupem". Por fim, questiono-lhes como se sentem. E também como os filhos se sentem. Digo-lhes ainda: "Se vocês fizeram esse exercício, puderam sentir que, imediatamente, quando disseram isso, vocês cresceram e os filhos se sentiram seguros, os filhos se sentiram despreocupados, porque vocês estão no controle. Vocês são grandes."


Esse é um exemplo de trabalho para empoderar as partes envolvidas. É claro que isso é uma nova postura do juiz. Eu mesmo, quando ajo assim, estou renunciando a ser o grande, a ser o poderoso diante desse relacionamento, de ser quem decide, porque o juiz que resolve tudo na caneta tem o poder, mas, em contrapartida, alimentará a relação de dependência das pessoas em relação à Justiça, e não é isso o que buscamos.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)


sexta-feira, 4 de abril de 2025

Cada um, no seu lugar, tem força

 Há uma lei sistêmica que é a lei da hierarquia, ou lei da precedência. Em um sistema, todos os membros têm o mesmo direito de pertencer, cada um em seu lugar. Um não pode ocupar o lugar do outro. Isso faz parte do bom funcionamento do sistema.


O primeiro é o primeiro, o segundo é o segundo, o terceiro é o terceiro. Inverter os papéis gera confusão, gera fracasso, gera transtornos.


Entre os filhos, por exemplo: há o primeiro, o segundo, o terceiro, e assim por diante.


Se tiver havido uma exclusão, como um aborto, essa criança conta como um filho. Se, portanto, o primeiro filho foi abortado, e depois veio o segundo filho, e os pais não falam do aborto, não dão lugar para o primeiro, é possível que o segundo filho tenha uma vida mais difícil.


Imagine uma pessoa que teve um relacionamento, do qual resultou uma gravidez que não vingou, e o feto foi abortado. O relacionamento, por sua vez, não deu certo, então os pais fingem que nada aconteceu.


Passado um tempo, os pais se casam novamente com outras pessoas com quem têm outro filho. Esse filho é o primeiro filho do casal. O pai, então, dirá “ele é o meu primeiro filho”. Porém, em sua alma, ele percebe que está faltando alguém. Ele sente.


O primeiro é o primeiro. Sempre será.


Assim, se o segundo for tratado como primeiro, se sentirá deslocado, fora do seu lugar, pois terá uma carga de responsabilidades e expectativas sobre si, com a qual talvez não se sinta adequado. Consequentemente, não responderá positivamente a isso, porque não está em seu devido lugar.


Bert Hellinger tem a seguinte frase, que é fundamental: “Cada um, no seu lugar, tem força”.


(Trecho do curso Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos)

terça-feira, 1 de abril de 2025

Quando as pessoas chegam em algo essencial, as argumentações deixam de fazer sentido

Quando tive contato com os conhecimentos de Bert Hellinger, com as constelações familiares, observei que o Direito, muitas vezes, ia contra as leis sistêmicas. E percebi que, indo contra as leis sistêmicas, não tem como dar certo.

É por isso que os conflitos muitas vezes se repetem, e que as pessoas entram em padrões de comportamento que são contrabandeados a elas mesmas.

Por exemplo, uma pessoa termina uma relação difícil - seja de casal, empresarial ou trabalhista - e logo se envolve em uma relação igualmente difícil; uma pessoa sai de uma situação de violência e se envolve em outra situação de violência; ela sai de um crime e volta a se envolver em outro crime.

Pelo fato de não considerar as dinâmicas que estão presentes em seus relacionamentos, uma pessoa se envolve reiteradamente nessas situações.

Quando ingressei na magistratura, na condição de juiz, imediatamente percebeu como a aplicação da lei, quando contrariava as leis sistêmicas, fracassava. Sempre houve recurso, descumprimento da decisão, sinais de que a decisão não foi certa. Juridicamente poderia ser perfeito, bem fundamentado, mas não trazia a paz que as pessoas buscavam.

Então comecei a buscar, nos processos, conciliar as minhas decisões e atitudes com as leis sistêmicas. E, de repente, não havia mais recurso. As partes passaram a cumprir o que foi feito.

As decisões chegaram a dar certo, comprovando, a cada dia, que Bert Hellinger é um sábio, que ele conhece muito de relacionamentos; que essa ciência que ele desenvolveu com as constelações familiares é algo muito fino, muito profundo, a respeito da natureza humana. E introduzindo isso no Direito, o índice de satisfação das pessoas aumenta enormemente.

Toda aquela discussão teórica judicial, aquela discussão por meio das petições, perde um tanto da importância. As argumentações deixam de fazer sentido quando as pessoas chegam em algum reconhecimento importante, quando chegam em algo essencial.

As pessoas perceberam: "Era isso que eu queria que fosse visto. O juiz chegou no ponto. É isso!" Então não é mais necessário inventar argumentos.

E às vezes isso é muito fácil, isso é acessível. Só é preciso conhecer o caminho.

(Texto extraído de entrevista com o Dr. Sami Storch)

sexta-feira, 28 de março de 2025

Como trabalhar com quem se coloca no lugar de vítima (Como trabalhar com quem se coloca no lugar de vítima)

 Para libertar-se, para seguir em frente, para abrir-se para o novo, é preciso coragem. É preciso que a pessoa queira mesmo, porque são escolhas. Chega um momento em que a pessoa escolhe. E muitas pessoas abrem mão da cura, abrem mão da paz, em nome do orgulho, ou por uma fragilidade emocional - e não tem como forçar isso.


Como diz Bert Hellinger, profissionais da ajuda, pessoas que querem ajudar outras pessoas, é importante que reconheçam seu limite. Não podemos salvar outra pessoa. Se sentimos a necessidade de salvar outra pessoa, talvez estejamos ansiosos para carregar algo que não é nosso. Uma pessoa que carrega algo que não é seu, não carrega tão bem aquilo que é seu. Ela paga de alguma forma.


A dinâmica mais comum disso é em relação à mãe. O filho que quer salvar a mãe, quer concordar com a mãe, se preocupa com a mãe. Ele toma, no seu próprio ombro, algo do qual nunca contará. Mas isso se reflete na vida. Ele quer ser um Salvador. Ele fica com dó das pessoas. Ele quer ficar ajudando, quer fazer as coisas pelos outros. E não dá para fazer isso.


Às vezes, a melhor ajuda possível é estar presente, é olhar. Às vezes podemos estender a mão, e aí a pessoa precisa segurar a mão e se levantar. Mas sempre existe um limite. Sempre há um movimento que a própria pessoa tem que fazer. E às vezes é preciso chegar a uma situação extrema, para que ela sinta a motivação para mudar. É como diz o ditado, "a água bater na bunda", para uma pessoa aprender a nadar.


Muitas vezes ela não faz um movimento, e não é uma necessidade extrema. E é preciso ter isso em mente. Se uma pessoa não estiver qualificada, não adiantaremos fazer isso por ela.


Isso entra nas Ordens da Ajuda, que é um dos temas que tratamos nos cursos de constelações e de Direito Sistêmico. É um tema fundamental para quem trabalha com isso. Mas na vida, também, todo mundo usa: quem é pai, quem é mãe, quem gosta de ajudar as pessoas, ou às vezes sente necessidade de ajudar as pessoas. Então nós precisamos conhecer as Ordens da Ajuda. Isso também é uma ciência.


O Bert Hellinger descobriu coisas maravilhosas. Por exemplo, como, às vezes, virar as costas para uma pessoa pode ajudá-la. Às vezes uma pessoa fica acomodada em uma situação, porque está olhando para ela, porque ela está chamando atenção.


Uma pessoa que se coloca no lugar de vítima, por exemplo. Ela tem vantagens com isso. Porém, ela não sai do lugar, ela não irá progredir. Ela pode prejudicar outras pessoas, pode cobrar outras pessoas, pode acusar outras pessoas, só que é um lugar cômodo, em que ela não assume a própria responsabilidade. Isso chega a ser um limite na eficácia das constelações. Às vezes uma pessoa chega dizendo "eu fiz constelação, não sei o que mais, e não deu certo… eu fiz não sei o que e não deu certo", fica reclamando, aí eu logo desconfio, e acho que essa pessoa é uma vítima. Nem sempre é assim. Mas com vítimas a constelação não funciona.


O próprio Bert Hellinger fazia assim: a pessoa sentava do seu lado, e, se tinha uma postura de vítima, que só reclamava, só botava a culpa nos outros, ele não forçava, não falava "vou te ajudar" ou "olha, tome sua própria responsabilidade". Ele falou "não vou trabalhar com você, pode sentar". Às vezes ele até pegava mais pesado, e dizia "Você é perigoso!", e não trabalhava com ela. Por quê? Quem seria o próximo a ser acusado por ela? Seria ele. Qualquer pessoa que tentar ajudar será acusada. Porque ela não quer ser ajudada. Ela quer ser vítima. É uma situação delicada.


E às vezes deixar a pessoa é o que é preciso. Se a pessoa estiver no chão, chorando, dizendo "E agora, o que é que eu faço? Como a vida é cruel! Como ninguém me ajuda! Como sou coitado!" Às vezes, se as pessoas virarem as costas e forem cada uma cuidar da sua vida, de repente ela olha em volta, vê que ninguém está prestando atenção nela, e diz "Não está dando resultado. Vou ter que levantar sozinho, por mim mesmo." Então ela pega e se levanta.


Por isso a constelação é tão bonita. Vemos isso apostando de uma forma muito nítida. Eu me lembro de uma constelação que foi exatamente isso. Eu representava o pai que queria salvar o filho. E o filho lá no chão. Então uma hora o constelador disse "isso, agora você solta ele, deixa ele aí". De repente o cara olhou em volta, pegou e clamou. Essa foi a ajuda. É uma ciência muito fina. Isso é uma das coisas mais bonitas na constelação, e de mais importância para quem trabalha com o Direito Sistêmico.


( Trecho de uma aula com Sami Storch )


Direito Sistêmico não é teoria, é prática

 Direito Sistêmico não é teoria, é prática. Como tal, depende, fundamentalmente, de uma transformação interior, de uma postura de se libertar dos próprios emaranhamentos, resolver-se com as próprias questões.


Para potencializar a atuação profissional nesse campo, a prática é fundamental. Não tem como a pessoa querer resolver o problema dos outros, se colocar como um bom profissional nesse meio, trabalhando com Constelações ou como um profissional sistêmico, se ele mesmo não tiver percorrido a sua própria jornada interior de enxergar realmente os seus pontos cegos, os seus próprios nós.


Para ilustrar o que seria um "ponto cego": imagine uma pessoa que tem dificuldades pessoais com o pai, tem uma mágoa em relação a ele, não o perdoou por algum motivo. Ou diz que perdoou, mas o faz com arrogância, porque o considera uma pessoa fraca. Imagine que essa pessoa pretende ajudar um cliente em uma questão relacionada ao pai. Nessas circunstâncias, irá assumir uma postura parcial, porque não se resolveu com o próprio pai. Logo, não terá clareza para enxergar essa relação com o pai de outrem, afinal, não tem clareza quanto à sua relação com o próprio pai.


A visão interior se reflete na visão exterior. Assim, na hora de mediar um conflito em um pedido de alimentos em desfavor do pai, por exemplo, ou mesmo em um divórcio, essa pessoa não conseguirá manter a imparcialidade, porque enxergará aquele pai com inferioridade. Com isso, essa relação também se desequilibra, e a pessoa não terá capacidade de promover o equilíbrio, porque o equilíbrio pressupõe que os envolvidos estejam no mesmo nível.


As leis sistêmicas precisam estar em ordem. Não adianta falar em teoria, em tese, porque a pessoa não irá enxergar, não irá perceber, já que não tem essas leis sistêmicas ordenadas em si mesma. Esse é o ponto cego. Ela está diante de uma situação, acredita se tratar de algo, mas não consegue ver que o problema está em um determinado lugar o qual não aprendeu a reconhecer.


(Trecho do curso Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos)

quinta-feira, 27 de março de 2025

As Constelações expõem o fenômeno da própria vida

 As Constelações expõem o fenômeno que se apresenta na vida, mas que, no dia a dia, nem sempre fica tão evidente. É uma sabedoria, um conhecimento que está no mundo, que pode ser descoberto pelas pessoas. Está à disposição de quem tem olhos para ver. E Bert Hellinger o percebeu de forma muito clara.


A partir disso, ele sintetizou as leis dos relacionamentos em três leis básicas, que explicam o que promove o equilíbrio em qualquer relacionamento, e também o que causa conflitos, desequilíbrios e transtornos.


Quando se coloca um representante no lugar de uma pessoa, ele mostra alguma dinâmica oculta que nem a própria pessoa estava vendo.


Por exemplo, uma pessoa disse: "Eu vivo brigando com essa pessoa, pois a gente não se suporta. Eu tenho raiva e não consigo me separar. Para piorar, o processo de divórcio não termina." Porém, quando colocamos os representantes do casal, eles ficaram lado a lado, bem juntinhos, se olhando com amor.


Por que o conflito não se resolvia? Porque eles não queriam se separar. Afinal, na verdade, ainda se amavam, mas não podiam admitir. Certamente existiam mágoas, rancores, e tratava-se de um amor desequilibrado, como tantos outros. Mas a Constelação revelou o que estava por trás daquele conflito.


A Constelação revela que por trás da raiva e da violência existe uma dor profunda. Muitas vezes, por um amor que alguém não conseguiu realizar em relação a uma pessoa da sua família, em relação ao pai, à mãe, ao avô, ao tio, ao irmão, e não sabe lidar com essa dor, então a encobre, reproduzindo o padrão dessa pessoa que foi excluída, que foi julgada, e que ela mesma rejeita.


Quando colocamos uma pessoa violenta numa Constelação, às vezes ela se mostra como uma pessoa triste, mostra um profundo vínculo com alguém que morreu. Então essa pessoa chora.


Com isso, aquele com quem essa pessoa está em conflito, que estava querendo vingança, que vinha condenando-a, achando um absurdo o que ela fez, de repente tem acesso, através da Constelação, a uma realidade profunda que não estava sendo vista.


As partes, assim, atenuam seus julgamentos, e se reconhecem como seres humanos, com as suas fragilidades.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)


quarta-feira, 26 de março de 2025

Na Constelação é assim, nos conflitos é assim, na vida é assim

Na Constelação, de acordo com a maneira como trabalho, que aprendi com Bert Hellinger, devemos estar sempre abertos para o novo. Sempre há alguma coisa nova que pode surgir, afinal é um trabalho radicalmente fenomenológico.


Podemos nos programar apenas para sentir o campo, para observar o que o campo nos mostra a cada momento. De repente, talvez seja o momento de interromper, de não fazer nada ou de fazer algo totalmente diferente do que foi feito até então.


É um mundo de possibilidades. Não é o caminho mais fácil. Essa é a postura básica para o constelador, assim como para o Direito Sistêmico.


Vale lembrar que o Direito Sistêmico adota a Constelação na sua integralidade, tanto a Constelação na prática, com representantes ou da forma que for, quanto a filosofia de Bert Hellinger que veio das Constelações, toda a filosofia vinda da sua observação e das suas compreensões. É uma ciência. Não é só uma filosofia, porque tem a prática, tem procedimentos, tem técnicas, mas não se prende a nada disso.


Hellinger sempre adotou uma postura essencial, que está relacionada ao não saber. Dentre as linhas filosóficas existentes, a que mais se assemelha às Constelações, provavelmente, é o taoísmo, de Lao Tsé. Bert Hellinger fez algumas referências ao taoísmo quando tratava sobre a postura dele, a postura necessária na Constelação, que tem a ver com a conexão com o todo, tem a ver com receber do todo, do campo. Dessa forma, podemos dar o próximo passo confiando, mesmo sem saber qual será o passo seguinte.


Quando não sabemos o que fazer, esperamos, então, algo surge. É interessante. Há uma frase do Rumi que contempla essa ideia: “Se faz silêncio, espere, algo surgirá. Se faz tempestade, espere, se acalmará.”


Na Constelação, é assim; nos conflitos, é assim; na vida, é assim.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)


terça-feira, 18 de março de 2025

O resultado é muito maior do que simplesmente resolver um processo

As pessoas tendem a querer ocupar o lugar de um vazio que a outra pessoa tem - às vezes por paixão, por gostar da outra pessoa -, sem perceber que esse vazio tem que estar ocupado por outra pessoa, para que a pessoa seja inteira, para que seja quem ela realmente é. Não cabe ao novo parceiro preencher um vazio deixado por outro. Em algum momento ele não suportará, e perceberá que está sendo exigido como alguém que não é ele.

Por isso que a separação deve ser bem feita. Uma boa separação é importante do ponto de vista sistêmico. Não se trata apenas de resolver bem um conflito pontual, pois estamos olhando sistemicamente, estamos olhando para a vida, e ela não começou agora com a separação, e não vai terminar com a separação. Ela vem de antes.

Em geral, essa separação já estava anunciada há muito tempo. Provavelmente antes de começar o relacionamento. Porque quando se iniciou o relacionamento, uma pessoa já quis colocar o outro para preencher um vazio que não lhe cabe. Já faltou olhar para a própria realidade, já faltou reconhecer uma dor anterior e o lugar de alguém importante.

As pessoas tendem a querer que os parceiros ocupem esses lugares, porque é mais fácil.

Porém, em um olhar sistêmico, a boa resolução de conflitos não é pontual, é muito mais do que isso.

Por isso que, para quem trabalha na justiça, o resultado é muito maior do que simplesmente resolver um processo. É o aumento considerável das chances de a pessoa não precisar passar por outro processo com aquele.

Às vezes, junto com um conflito que a pessoa resolve, outros conflitos também se resolvem. Ao resolver um conflito com o parceiro, a pessoa resolve um conflito com o seu pai, resolve um conflito com a sua mãe, resolve um conflito ancestral que já vinha se repetindo por gerações, melhora seu olhar para os filhos, e libera os filhos para que eles não tenham que repetir esse mesmo conflito.

(Trecho extraído da Jornada de Constelações na Resolução de Conflitos, com Sami Storch)

sexta-feira, 14 de março de 2025

Por que é tão difícil resolver os conflitos que chegam no judiciário?

 Por que é tão difícil resolver os conflitos que chegam no judiciário?


É porque muitas vezes existem dinâmicas ocultas por trás dos relacionamentos, que geram um desequilíbrio que não é visível nos automóveis.


Se a questão fosse apenas o que fosse visível nos automóveis seria muito fácil. Precisaríamos apenas usar um pouco de aritmética. Seria fácil de resolver.


Mas existem dinâmicas ocultas, relacionadas às leis sistêmicas que atuam no inconsciente das pessoas, a fatos do passado, que às vezes as próprias pessoas não conhecem.


Por exemplo, dinâmicas decorrentes de um aborto. Ou uma renúncia que alguém teve que fazer, e que não constou no contrato. Às vezes há alguma bem, alguma renúncia ou alguma promessa que não é juridicamente tutelada.


Ou há algo que pesa na vida de alguém, e que não é tratado pela lei material.


Em um casamento, por exemplo…


A mulher não tem filhos, mas está apaixonada por um homem que tem filhos. E o homem diz que não quer ter mais filhos.


Existe uma mensagem implícita quando ele diz isso. Pode ser verdade que ele não tem condições financeiras, ou tem outros projetos de vida. Mas pode haver uma mensagem como “eu não quero aprofundar tanto assim o vínculo com você… filho é um vínculo muito profundo, eu prefiro que seja mais leve… fica muito mais fácil se separar se não tivermos filhos”.


Às vezes há uma mensagem secreta, da qual talvez nem ele tenha consciência.


Mas a mulher está apaixonada, e diz “tá bom, eu quero viver com você, eu abro mão, eu renuncio ao meu desejo de ter filhos”.


Na verdade, ela quer ter filhos. Na verdade, ela sempre sonhou em ter filhos. Mas renúncia ao seu desejo, e se casa, e ajuda a cuidar dos filhos do homem.


Talvez ela ocupe o lugar das mães desses filhos. Talvez ela não tenha claro, em seu coração, que para esses filhos a mãe biológica veio primeiro, e tem um lugar de precedência no coração deles.


Essa segunda mulher abriu mão de ter filhos para se casar com esse homem. Ela fez uma renúncia imensa, de um tamanho que ela não imaginava. Porque de repente ela passou da idade, e já não pode mais ter filhos. Renunciou a isso, e cuidou dos filhos dele.


E aí o casamento não dá certo, e eles resolvem se separar.


Que conta aritmética traz satisfação para uma mulher que sabe, em sua alma, que abriu a mão da própria maternidade, que é algo tão essencial?


Ela nunca conseguirá manifestar essa cobrança nos autos, e nunca conseguirá reparar a dor da mulher por meio de partilha de bens ou por meio de pensão.


Como resolver uma situação como essa?


A mulher quer porque quer discutir, quer seguir cobrando dele, e não abre a mão do processo. Mas não há mais o que discutir. E ela sempre quer mais… e o acordo não sai, porque não é disso que se trata. Trata-se de uma outra dinâmica!


Não existe solução jurídica para essa situação! Um fato como esse é invisível aos automóveis!


( Trecho da palestra " Direito Sistêmico: limites e possibilidades no sistema judicial ", concedido no TRT de Goiás)


sexta-feira, 7 de março de 2025

Para seguir adiante, dê um bom lugar ao relacionamento anterior

 Muitas vezes, o casamento termina porque as pessoas não estavam inteiras. Não estavam prontas para reconhecer a própria inteireza e a inteireza do outro.


As pessoas se desequilibram na relação, esperam muito do outro, não enxergam quem é a outra pessoa realmente. Esperam que ela seja outra, e muitas vezes também fazem de conta que são outra pessoa. Não reconhecem suas próprias fragilidades, suas próprias carências, e esperam que o outro supra isso.


A separação é uma grande oportunidade de aprendizado para quem não conseguiu evitá-la, mas que pode aproveitar o que ela tem a ensinar para poder recomeçar, e ter um relacionamento mais saudável.


É importante oferecer um bom lugar na própria vida para o(a) ex-parceiro(a), essa pessoa tão importante, o pai dos próprios filhos, a mãe dos próprios filhos. São pessoas fundamentais. Trata-se de um relacionamento dos mais importantes para que nos conheçamos melhor.


Seguir adiante sem dar o passo de ter um bom relacionamento com o ex-cônjuge pode trazer consequências graves para a vida dos adultos e dos filhos.


(Trecho extraído da Jornada de Constelações na Resolução de Conflitos, com Sami Storch)

terça-feira, 4 de março de 2025

O que acontece quando o casal não enfrenta a dor da separação

 Os filhos seguem os exemplos dos pais - mais das atitudes do que das palavras.

As crianças que vivenciam o movimento de separação dos pais aprendem, com a prática deles, como lidar com um relacionamento.


O perigo disso é os filhos aprenderem que se deve fazer a mesma coisa que os pais fizeram, ao invés de aprenderem com os erros deles, e acertarem.


Isso aumenta muito a responsabilidade dos pais. O que, como pais, precisamos fazer melhor, para dar aos filhos uma chance de fazerem ainda melhor que nós?


Se os filhos observam um relacionamento desrespeitoso, violento, em que um desmerece o outro, um invalida o outro, tendem a também aprender isso, e a repetir a mesma coisa.


Então os filhos podem servir como guias para os pais, quando estes observam o comportamento dos filhos e olham para aquilo que é necessário transformar, a partir da própria responsabilidade.


Por que eu digo isso? Porque muitas vezes existe uma tentação de não olhar para o que é necessário, porque é doloroso.


A maioria dos casais, quando se separa, não quer enfrentar a dor envolvida na separação, e olhar para aquilo de inevitável que aconteceu e que não queriam que tivesse acontecido.


Para não olhar para isso, buscam formas de minimizar a importância desse olhar. Querem seguir adiante sem olhar adequadamente, sem olhar para a pessoa de quem se separaram, e para a dor que sentiram com a separação.


Às vezes a vida exige que as pessoas sejam fortes e sigam adiante, e não parem para chorar pela dor do que aconteceu. Mas a pessoa segue adiante incompleta, sem reconhecer a importância do que aconteceu.


É claro que, se parar para olhar, para reconhecer a importância, a pessoa vai chorar, vai sofrer, e isso é importante para conseguir sair mais completa, para ter chance de recomeçar algo mais inteira do que estava antes.


(Trecho extraído da Jornada de Constelações na Resolução de Conflitos, com Sami Storch)

sábado, 1 de março de 2025

Dinâmica da boa e da má consciência em conflitos no casal

 Cada grupo tem seu padrão, sua cultura, suas tradições e seus valores.


Para uma pessoa sentir-se pertencente à sua família, que é seu grupo de origem, precisa estar de acordo com ela, honrando essa origem.


Só que também a outra pessoa, para sentir-se pertencente, tem que honrar a sua própria família de origem, que tem outros valores.


Por exemplo, em uma família se valoriza muito o desenvolvimento intelectual, os estudos materiais, a formação acadêmica. Então a pessoa sente uma lealdade à família ao seguir esses mesmos valores.


Se a pessoa não for leal conscientemente, inconscientemente ela será leal, pois essa lealdade é um vínculo muito forte. Então, nessa família, se alguém não tiver uma faculdade, talvez se sinta excluída, como se fosse uma ovelha negra na família.


Porém, em outra família, pode ser que não existam esses mesmos valores. Talvez o valor mais importante seja ter dinheiro, e prosperar financeiramente.


Na primeira família está tudo bem ter uma vida modesta, mas tem que ter educação. Na segunda família está tudo bem a pessoa não ter tanto estudo, mas tem que ter dinheiro.


Nessa situação, o que acontece no casamento?


Uma pessoa com um determinado conjunto de valores, com uma lealdade a um determinado grupo, a uma nação, a uma religião, a uma cultura, a uma história, ou aos próprios pais, se casa com outra pessoa, que tem outro conjunto de valores, e que tem lealdade a outros grupos.


Se a pessoa da família que considera importante uma formação acadêmica abre mão desse valor para dedicar-se a um comércio, por exemplo, ou a algo que não exija tanto estudo acadêmico, mas que dê mais dinheiro, ela se sentirá traindo os valores que sua família de origem lutou tanto para preservar, de geração em geração. Isso não é algo fácil.


E a pessoa cujo valor maior, para a família de origem, é o vínculo com o dinheiro e com o comércio, ao casar-se com uma pessoa que dá mais valor para o desenvolvimento intelectual, talvez se sinta traindo os seus valores, por seguir com uma vida mais modesta. E, mesmo que queira, talvez sinta até uma dificuldade para seguir um curso acadêmico, porque seus pais não puderam estudar, seus avós não puderam estudar, gerações e gerações não puderam estudar.


Sua boa consciência manda que ela siga a tradição.


E muitos conflitos nas relações de casal acontecem quando adaptar-se aos valores da outra pessoa representa uma traição aos valores da sua própria família de origem.


(Trecho extraído do seminário online A boa e a má consciência, com Sami Storch.)

sábado, 22 de fevereiro de 2025

A dor oculta que perpetua alguns conflitos de divórcio

 Em casos de divórcio em que os conflitos perduram por anos, e ninguém sabe como resolvê-los… Aqueles em que já foi realizado o divórcio, feita a partilha de bens, resolvida a guarda dos filhos, alimentos, mas ainda assim a briga continua… O processo já foi julgado, mas houve recurso, pedido de rescisão…


Ainda há algo se opondo. Alguém não permite que se resolva a situação.


Afinal, onde está o problema?


Normalmente, o problema não está nos autos. Ele está naquilo que não está sendo visto. Ele vem, por exemplo, de uma mágoa que a pessoa carrega, por conta de algo que está oculto.


Por exemplo: o casal não teve filhos, e tem muita dificuldade para se separar. A mulher insiste que deve receber mais na partilha, sente-se injustiçada, e não há matemática racional que resolva. O que pode estar acontecendo? Então, na Constelação, fica visível que o marido não queria ter filhos, mas ela sim.


Mesmo ciente de que ele não queria ter filhos, ela concordou em casar-se com ele, porque estava apaixonada. Abriu mão, renunciou à maternidade. Ficaram alguns anos juntos, a mulher passou da idade de ter filhos, até que chega um momento em que ela sente que o relacionamento está desequilibrado. E não o perdoa, embora não saiba o porquê.


Ela renunciou a algo tão essencial… Não que seja obrigatório ter filhos, mas, se ela queria ter filhos, isso é algo que tem um valor imensurável. Essa renúncia de ter filhos não se compra com uma casa, com carro, com pensão. Como ele poderia compensá-la por ter renunciado à possibilidade de ter filhos?


Ela desistiu de ter filhos por um casamento que não deu certo. Sua cobrança, portanto, será alta. Não se trata só de dinheiro. Então, como resolver?


É necessário reconhecer. O único caminho é reconhecer. Nesse exemplo, o homem deve olhar para a mulher e dizer: “Eu reconheço o grande preço que você pagou. Você renunciou a algo muito importante. Se eu tivesse noção, não teria admitido. Eu não tinha noção do tamanho disso, da grandeza disso.”


Obviamente, se ele soubesse, se ela soubesse, talvez ambos tivessem feito diferente. Mas a vida é assim: às vezes não tem como voltar atrás. Às vezes tudo o que se pode fazer é uma reverência, um profundo reconhecimento, dizendo: “Eu nunca vou conseguir pagar por isso. Eu agora olho para a sua dor. Agora eu reconheço a sua dor. Eu sei que isso não tem preço. Sinto muito.” Quando ele diz isso, ela provavelmente chorará bastante, porque agora sua dor está sendo reconhecida por ele.


Então, ela percebe que não adianta cobrar algo que ele nunca conseguirá pagar.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)