"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

“Eu quero (e não quero) prosperar!”

 A boa consciência dá uma sensação de segurança, de pertencimento. Cada vez que a pessoa coloca em risco o seu pertencimento, se sente culpada, insegura, com medo.


Se, por exemplo, o filho vem de uma família onde tradicionalmente as pessoas são doentes, deprimidas ou frágeis, e ele quiser se distanciar disso, sendo saudável, se sentirá culpado.


Imagine a pessoa chegando na sua família, e encontrando todo mundo se queixando da saúde: “as minhas costas estão mal”, “a minha pressão está alta”... aí chega a vez dele falar: “a minha saúde está ótima”. Ele se sente culpado ao falar uma coisa dessas.


Então, para se ajustar, para se adequar ao seu meio, a pessoa assimila aquilo que está reinando nesse meio... Em uma família com pessoas doentes, o filho tende a procurar uma forma de adoecer. Ninguém dirá “eu quero adoecer”, mas, inconscientemente, se sente chamado a ter uma doença para se igualar aos outros, para não se sentir culpado.


Outro exemplo, no âmbito financeiro: a pessoa cresce em uma comunidade financeiramente muito pobre, onde as pessoas têm as dificuldades típicas da pobreza. Sua família é daquele meio, todos têm dificuldade para pagar as contas, não podem ter luxo, por causa da escassez.


E então essa pessoa diz “eu quero prosperar, eu tenho o direito de prosperar, depende de mim”. Ela acredita nas pessoas que dizem que é possível prosperar.


Mas, no momento em que começa a prosperar, ela se sente culpada, por se distanciar daquele padrão onde vive. Se ela comprar um tênis legal, se ela comprar um carro legal, irá destoar, não se sentirá bem naquela comunidade que tem como sua, de sua origem.


Então o que ela faz? Ela precisa romper, ir embora, e se conectar a um campo onde as pessoas podem ter um carro bom. Mas, mesmo assim, ela se sentirá muito culpada. Ela se sentirá distante, se sentirá como uma traidora. Essa é a má consciência que ela sente.


Ela não está fazendo nada de errado, mas sente que está se distanciando da sua origem, da sua família, do seu grupo, e esse sentimento é vivenciado como uma culpa. É um sentido primário de sobrevivência.



(Texto extraído do seminário online A boa e a má consciência, com o Dr. Sami Storch)

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