A pessoa, no seu lugar, tem força. E quando a pessoa está fora do seu lugar, querendo ser maior do que é, ocupando um lugar que não lhe pertence, se intrometendo em assuntos que não lhe cabem, ela perde essa força.
Por exemplo, filhos que se intrometem em assuntos dos pais, em assuntos do relacionamento entre os pais, fracassam com absoluta certeza. O filho não sabe nada do relacionamento entre os pais. Ele é muito pequeno para isso.
Existe uma ordem no relacionamento entre pais e filhos, que é a ordem da hierarquia: os pais dão e os filhos recebem.
Os filhos não têm condições de salvar os pais, porque são menores, vieram depois. Os pais são os grandes e os filhos são os pequenos. Se o filho julga os pais, ou quer salvá-los, está se achando superior a eles. Por isso, fracassa.
Isso enfraquece o filho, porque, se acredita que os pais são fracos, que os pais são frágeis a ponto de precisar defendê-los ou salvá-los, então está julgando-os como ruins, como fracos, como incapazes.
Isso irá se reproduzir na relação entre ele e o seu próprio filho. Imagine o filho pequeno olhando de frente para os pais. O filho olha com admiração para os pais, porque eles são o exemplo para ele. O filho quer fazer igual a eles, e segue o exemplo deles. Não segue o que os pais falam: segue o que os pais fazem.
Quando o filho cresce, e existe uma ordem saudável entre ele e seus pais, o que ele faz? Para de olhar para os pais, e se vira de costas para eles, olhando, agora, de frente para a vida. Na medida em que adquire maturidade, começa a se responsabilizar pela própria vida, e olha adiante para a própria vida. Nesse caminho, terá seus relacionamentos e seus próprios filhos. Logo esses filhos pequenos, assim como ele fez anteriormente, irão olhar para os pais grandes. Quando o filho olha para os pais e os pais olham para o filho, o filho se sente seguro, sente que está tudo em ordem.
Porém, o que acontece com o filho quando ele olha para os pais, mas os pais estão de costas para ele? Não verá os pais, e se sentirá desamparado. E irá querer sair do lugar de filho, com o intuito de resolver aquilo que os pais não conseguiram resolver.
Por que os pais estão de costas para os filhos? Pode ser que estejam cuidando de assuntos dos próprios pais, que não se resolveram direito com o seu passado, com relacionamentos anteriores, com os mortos, com pessoas que perderam, com irmãos, com excluídos, com questões difíceis, questões com drogas.
Então, se os pais desse filho estão de costas para ele, procurando os próprios pais, esse filho se sente desamparado, e permanecerá procurando os próprios pais. Assim, não será capaz de virar de frente para os filhos quando os tiver. Viverá de costas para os próprios filhos, para o próprio futuro, para a própria vida, porque estará ocupado querendo salvar a mãe, querendo salvar o pai, julgando o pai, dizendo que o pai foi mau, dizendo que a mãe é fraca.
Assim, quando se tornar pai, seus filhos irão encontrá-lo de costas para eles. Ou seja, a dinâmica está se repetindo. O mesmo sofrimento que essa pessoa passou, sendo uma criança pequena olhando para os pais que estão de costas para ela, quando ele for pai ou mãe, seus filhos olharão para ele e ele estará de costas. Isso tende a se repetir de geração em geração.
(Trecho do curso Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos)
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