"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen

sexta-feira, 28 de março de 2025

Direito Sistêmico não é teoria, é prática

 Direito Sistêmico não é teoria, é prática. Como tal, depende, fundamentalmente, de uma transformação interior, de uma postura de se libertar dos próprios emaranhamentos, resolver-se com as próprias questões.


Para potencializar a atuação profissional nesse campo, a prática é fundamental. Não tem como a pessoa querer resolver o problema dos outros, se colocar como um bom profissional nesse meio, trabalhando com Constelações ou como um profissional sistêmico, se ele mesmo não tiver percorrido a sua própria jornada interior de enxergar realmente os seus pontos cegos, os seus próprios nós.


Para ilustrar o que seria um "ponto cego": imagine uma pessoa que tem dificuldades pessoais com o pai, tem uma mágoa em relação a ele, não o perdoou por algum motivo. Ou diz que perdoou, mas o faz com arrogância, porque o considera uma pessoa fraca. Imagine que essa pessoa pretende ajudar um cliente em uma questão relacionada ao pai. Nessas circunstâncias, irá assumir uma postura parcial, porque não se resolveu com o próprio pai. Logo, não terá clareza para enxergar essa relação com o pai de outrem, afinal, não tem clareza quanto à sua relação com o próprio pai.


A visão interior se reflete na visão exterior. Assim, na hora de mediar um conflito em um pedido de alimentos em desfavor do pai, por exemplo, ou mesmo em um divórcio, essa pessoa não conseguirá manter a imparcialidade, porque enxergará aquele pai com inferioridade. Com isso, essa relação também se desequilibra, e a pessoa não terá capacidade de promover o equilíbrio, porque o equilíbrio pressupõe que os envolvidos estejam no mesmo nível.


As leis sistêmicas precisam estar em ordem. Não adianta falar em teoria, em tese, porque a pessoa não irá enxergar, não irá perceber, já que não tem essas leis sistêmicas ordenadas em si mesma. Esse é o ponto cego. Ela está diante de uma situação, acredita se tratar de algo, mas não consegue ver que o problema está em um determinado lugar o qual não aprendeu a reconhecer.


(Trecho do curso Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos)

quinta-feira, 27 de março de 2025

As Constelações expõem o fenômeno da própria vida

 As Constelações expõem o fenômeno que se apresenta na vida, mas que, no dia a dia, nem sempre fica tão evidente. É uma sabedoria, um conhecimento que está no mundo, que pode ser descoberto pelas pessoas. Está à disposição de quem tem olhos para ver. E Bert Hellinger o percebeu de forma muito clara.


A partir disso, ele sintetizou as leis dos relacionamentos em três leis básicas, que explicam o que promove o equilíbrio em qualquer relacionamento, e também o que causa conflitos, desequilíbrios e transtornos.


Quando se coloca um representante no lugar de uma pessoa, ele mostra alguma dinâmica oculta que nem a própria pessoa estava vendo.


Por exemplo, uma pessoa disse: "Eu vivo brigando com essa pessoa, pois a gente não se suporta. Eu tenho raiva e não consigo me separar. Para piorar, o processo de divórcio não termina." Porém, quando colocamos os representantes do casal, eles ficaram lado a lado, bem juntinhos, se olhando com amor.


Por que o conflito não se resolvia? Porque eles não queriam se separar. Afinal, na verdade, ainda se amavam, mas não podiam admitir. Certamente existiam mágoas, rancores, e tratava-se de um amor desequilibrado, como tantos outros. Mas a Constelação revelou o que estava por trás daquele conflito.


A Constelação revela que por trás da raiva e da violência existe uma dor profunda. Muitas vezes, por um amor que alguém não conseguiu realizar em relação a uma pessoa da sua família, em relação ao pai, à mãe, ao avô, ao tio, ao irmão, e não sabe lidar com essa dor, então a encobre, reproduzindo o padrão dessa pessoa que foi excluída, que foi julgada, e que ela mesma rejeita.


Quando colocamos uma pessoa violenta numa Constelação, às vezes ela se mostra como uma pessoa triste, mostra um profundo vínculo com alguém que morreu. Então essa pessoa chora.


Com isso, aquele com quem essa pessoa está em conflito, que estava querendo vingança, que vinha condenando-a, achando um absurdo o que ela fez, de repente tem acesso, através da Constelação, a uma realidade profunda que não estava sendo vista.


As partes, assim, atenuam seus julgamentos, e se reconhecem como seres humanos, com as suas fragilidades.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)