"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Cada um, no seu lugar, tem força

 Há uma lei sistêmica que é a lei da hierarquia, ou lei da precedência. Em um sistema, todos os membros têm o mesmo direito de pertencer, cada um em seu lugar. Um não pode ocupar o lugar do outro. Isso faz parte do bom funcionamento do sistema.


O primeiro é o primeiro, o segundo é o segundo, o terceiro é o terceiro. Inverter os papéis gera confusão, gera fracasso, gera transtornos.


Entre os filhos, por exemplo: há o primeiro, o segundo, o terceiro, e assim por diante.


Se tiver havido uma exclusão, como um aborto, essa criança conta como um filho. Se, portanto, o primeiro filho foi abortado, e depois veio o segundo filho, e os pais não falam do aborto, não dão lugar para o primeiro, é possível que o segundo filho tenha uma vida mais difícil.


Imagine uma pessoa que teve um relacionamento, do qual resultou uma gravidez que não vingou, e o feto foi abortado. O relacionamento, por sua vez, não deu certo, então os pais fingem que nada aconteceu.


Passado um tempo, os pais se casam novamente com outras pessoas com quem têm outro filho. Esse filho é o primeiro filho do casal. O pai, então, dirá “ele é o meu primeiro filho”. Porém, em sua alma, ele percebe que está faltando alguém. Ele sente.


O primeiro é o primeiro. Sempre será.


Assim, se o segundo for tratado como primeiro, se sentirá deslocado, fora do seu lugar, pois terá uma carga de responsabilidades e expectativas sobre si, com a qual talvez não se sinta adequado. Consequentemente, não responderá positivamente a isso, porque não está em seu devido lugar.


Bert Hellinger tem a seguinte frase, que é fundamental: “Cada um, no seu lugar, tem força”.


(Trecho do curso Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos)

terça-feira, 1 de abril de 2025

Quando as pessoas chegam em algo essencial, as argumentações deixam de fazer sentido

Quando tive contato com os conhecimentos de Bert Hellinger, com as constelações familiares, observei que o Direito, muitas vezes, ia contra as leis sistêmicas. E percebi que, indo contra as leis sistêmicas, não tem como dar certo.

É por isso que os conflitos muitas vezes se repetem, e que as pessoas entram em padrões de comportamento que são contrabandeados a elas mesmas.

Por exemplo, uma pessoa termina uma relação difícil - seja de casal, empresarial ou trabalhista - e logo se envolve em uma relação igualmente difícil; uma pessoa sai de uma situação de violência e se envolve em outra situação de violência; ela sai de um crime e volta a se envolver em outro crime.

Pelo fato de não considerar as dinâmicas que estão presentes em seus relacionamentos, uma pessoa se envolve reiteradamente nessas situações.

Quando ingressei na magistratura, na condição de juiz, imediatamente percebeu como a aplicação da lei, quando contrariava as leis sistêmicas, fracassava. Sempre houve recurso, descumprimento da decisão, sinais de que a decisão não foi certa. Juridicamente poderia ser perfeito, bem fundamentado, mas não trazia a paz que as pessoas buscavam.

Então comecei a buscar, nos processos, conciliar as minhas decisões e atitudes com as leis sistêmicas. E, de repente, não havia mais recurso. As partes passaram a cumprir o que foi feito.

As decisões chegaram a dar certo, comprovando, a cada dia, que Bert Hellinger é um sábio, que ele conhece muito de relacionamentos; que essa ciência que ele desenvolveu com as constelações familiares é algo muito fino, muito profundo, a respeito da natureza humana. E introduzindo isso no Direito, o índice de satisfação das pessoas aumenta enormemente.

Toda aquela discussão teórica judicial, aquela discussão por meio das petições, perde um tanto da importância. As argumentações deixam de fazer sentido quando as pessoas chegam em algum reconhecimento importante, quando chegam em algo essencial.

As pessoas perceberam: "Era isso que eu queria que fosse visto. O juiz chegou no ponto. É isso!" Então não é mais necessário inventar argumentos.

E às vezes isso é muito fácil, isso é acessível. Só é preciso conhecer o caminho.

(Texto extraído de entrevista com o Dr. Sami Storch)