"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

É assim que os filhos tendem a repetir os destinos trágicos dos seus pais

 Algumas pessoas acreditam que a consciência é a voz de Deus em nós. Acreditam que a pessoa que tem uma boa consciência é porque já está de acordo com os mandamentos de Deus.


Ou que tem a ver com o bem e o mal: a pessoa faz algum mal, e então se sente com má consciência, ela faz algo bom e se sente com boa consciência.


E então Bert Hellinger percebeu que não é assim: que o sentimento de boa e de má consciência é uma percepção da pessoa em relação ao grupo ao qual ela pertence. A consciência é uma reação, de acordo com o vínculo que cada um tem, principalmente com a família.


A família é o vínculo mais forte, porque é de onde recebemos a vida. A vida vem por meio da família, então o primeiro vínculo, o vínculo mais profundo que todo filho tem, é em relação aos seus pais, em relação à sua família.


O que acontece, então?


Existe um sentimento primitivo de pertencimento, uma necessidade primitiva. As pessoas precisam se sentir pertencentes a algo, em primeiro lugar à família. E depois a pessoa precisa se sentir pertencente a outros grupos, a turmas, a uma religião, a um time de futebol, a um partido político, a uma nacionalidade, a uma instituição à qual ela se filia, a um grupo profissional.


Nós nos identificamos com muitos grupos ao longo da vida. E dá uma sensação de conforto, uma sensação de segurança, cada vez que nos sentimos unidos, conectados.


Aumenta a conexão, aumenta o vínculo, quando nós estamos de acordo com esse grupo. É aí que nasce a boa e a má consciência.


A boa consciência é uma consciência tranquila, porque nos sentimos pertencentes, nos sentimos acolhidos, dá uma sensação de segurança, de saber que não estamos sós, que estamos juntos.


O problema é que essa boa consciência age também no sofrimento. Ela age nas tragédias, em destinos que a pessoa, às vezes, passa a vida sofrendo, para se sentir pertencente. Porque cada vez que ela coloca em risco esse pertencimento, ela se sente culpada.


Essa culpa equivale à má consciência, é uma sensação de má consciência. Ela se sente insegura, diz “E agora? Estou só!”, porque sente que está se distanciando de uma tradição, de um padrão, de uma crença, de uma cultura.


E aí o que acontece? Nesse afastamento, ela se sente sozinha, se sente ameaçada, sente medo. E a boa consciência a chama para retornar ao seu grupo, para pertencer, para ser mais uma.


E é assim que os filhos tendem a repetir as dificuldades e os destinos trágicos dos seus pais.


(Trecho extraído do seminário online A boa e a má consciência, com Sami Storch.)


As Constelações expõem o fenômeno da própria vida

 As Constelações expõem o fenômeno que se apresenta na vida, mas que, no dia a dia, nem sempre fica tão evidente. É uma sabedoria, um conhecimento que está no mundo, que pode ser descoberto pelas pessoas. Está à disposição de quem tem olhos para ver. E Bert Hellinger o percebeu de forma muito clara.


A partir disso, ele sintetizou as leis dos relacionamentos em três leis básicas, que explicam o que promove o equilíbrio em qualquer relacionamento, e também o que causa conflitos, desequilíbrios e transtornos.


Quando se coloca um representante no lugar de uma pessoa, ele mostra alguma dinâmica oculta que nem a própria pessoa estava vendo.


Por exemplo, uma pessoa disse: “Eu vivo brigando com essa pessoa, pois a gente não se suporta. Eu tenho raiva e não consigo me separar. Para piorar, o processo de divórcio não termina.” Porém, quando colocamos os representantes do casal, eles ficaram lado a lado, bem juntinhos, se olhando com amor.


Por que o conflito não se resolvia? Porque eles não queriam se separar. Afinal, na verdade, ainda se amavam, mas não podiam admitir. Certamente existiam mágoas, rancores, e tratava-se de um amor desequilibrado, como tantos outros. Mas a Constelação revelou o que estava por trás daquele conflito.


A Constelação revela que por trás da raiva e da violência existe uma dor profunda. Muitas vezes, por um amor que alguém não conseguiu realizar em relação a uma pessoa da sua família, em relação ao pai, à mãe, ao avô, ao tio, ao irmão, e não sabe lidar com essa dor, então a encobre, reproduzindo o padrão dessa pessoa que foi excluída, que foi julgada, e que ela mesma rejeita.


Quando colocamos uma pessoa violenta numa Constelação, às vezes ela se mostra como uma pessoa triste, mostra um profundo vínculo com alguém que morreu. Então essa pessoa chora.


Com isso, aquele com quem essa pessoa está em conflito, que estava querendo vingança, que vinha condenando-a, achando um absurdo o que ela fez, de repente tem acesso, através da Constelação, a uma realidade profunda que não estava sendo vista.


As partes, assim, atenuam seus julgamentos, e se reconhecem como seres humanos, com as suas fragilidades.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)