"Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior." Roberto Simonsen

quarta-feira, 26 de março de 2025

Na Constelação é assim, nos conflitos é assim, na vida é assim

Na Constelação, de acordo com a maneira como trabalho, que aprendi com Bert Hellinger, devemos estar sempre abertos para o novo. Sempre há alguma coisa nova que pode surgir, afinal é um trabalho radicalmente fenomenológico.


Podemos nos programar apenas para sentir o campo, para observar o que o campo nos mostra a cada momento. De repente, talvez seja o momento de interromper, de não fazer nada ou de fazer algo totalmente diferente do que foi feito até então.


É um mundo de possibilidades. Não é o caminho mais fácil. Essa é a postura básica para o constelador, assim como para o Direito Sistêmico.


Vale lembrar que o Direito Sistêmico adota a Constelação na sua integralidade, tanto a Constelação na prática, com representantes ou da forma que for, quanto a filosofia de Bert Hellinger que veio das Constelações, toda a filosofia vinda da sua observação e das suas compreensões. É uma ciência. Não é só uma filosofia, porque tem a prática, tem procedimentos, tem técnicas, mas não se prende a nada disso.


Hellinger sempre adotou uma postura essencial, que está relacionada ao não saber. Dentre as linhas filosóficas existentes, a que mais se assemelha às Constelações, provavelmente, é o taoísmo, de Lao Tsé. Bert Hellinger fez algumas referências ao taoísmo quando tratava sobre a postura dele, a postura necessária na Constelação, que tem a ver com a conexão com o todo, tem a ver com receber do todo, do campo. Dessa forma, podemos dar o próximo passo confiando, mesmo sem saber qual será o passo seguinte.


Quando não sabemos o que fazer, esperamos, então, algo surge. É interessante. Há uma frase do Rumi que contempla essa ideia: “Se faz silêncio, espere, algo surgirá. Se faz tempestade, espere, se acalmará.”


Na Constelação, é assim; nos conflitos, é assim; na vida, é assim.


(Texto extraído do curso online Direito Sistêmico e as Constelações Familiares na resolução de conflitos, com o Dr. Sami Storch)


terça-feira, 18 de março de 2025

O resultado é muito maior do que simplesmente resolver um processo

As pessoas tendem a querer ocupar o lugar de um vazio que a outra pessoa tem - às vezes por paixão, por gostar da outra pessoa -, sem perceber que esse vazio tem que estar ocupado por outra pessoa, para que a pessoa seja inteira, para que seja quem ela realmente é. Não cabe ao novo parceiro preencher um vazio deixado por outro. Em algum momento ele não suportará, e perceberá que está sendo exigido como alguém que não é ele.

Por isso que a separação deve ser bem feita. Uma boa separação é importante do ponto de vista sistêmico. Não se trata apenas de resolver bem um conflito pontual, pois estamos olhando sistemicamente, estamos olhando para a vida, e ela não começou agora com a separação, e não vai terminar com a separação. Ela vem de antes.

Em geral, essa separação já estava anunciada há muito tempo. Provavelmente antes de começar o relacionamento. Porque quando se iniciou o relacionamento, uma pessoa já quis colocar o outro para preencher um vazio que não lhe cabe. Já faltou olhar para a própria realidade, já faltou reconhecer uma dor anterior e o lugar de alguém importante.

As pessoas tendem a querer que os parceiros ocupem esses lugares, porque é mais fácil.

Porém, em um olhar sistêmico, a boa resolução de conflitos não é pontual, é muito mais do que isso.

Por isso que, para quem trabalha na justiça, o resultado é muito maior do que simplesmente resolver um processo. É o aumento considerável das chances de a pessoa não precisar passar por outro processo com aquele.

Às vezes, junto com um conflito que a pessoa resolve, outros conflitos também se resolvem. Ao resolver um conflito com o parceiro, a pessoa resolve um conflito com o seu pai, resolve um conflito com a sua mãe, resolve um conflito ancestral que já vinha se repetindo por gerações, melhora seu olhar para os filhos, e libera os filhos para que eles não tenham que repetir esse mesmo conflito.

(Trecho extraído da Jornada de Constelações na Resolução de Conflitos, com Sami Storch)